A história da humanidade é um movimento
contínuo e é construída através da dialética cotidiana. Vive-se numa época
onde se defende o processo de inclusão como uma das características humanas
mais corretas e aceitáveis de se providenciar perante a sociedade, mas este não
é tão simples, pois não dispomos de uma estrutura, nem humana quer dirá física
adequada para tal, o que dificulta ainda as providências para a inclusão. Interessante perceber como estamos despreparados para
a inclusão embora convivamos há tanto tempo com as deficiências. É
impressionante; mas ainda hoje não queremos ver; recusamo-nos a aceitar.
Podemos afirmar que no Brasil há uma farta
legislação, teóricos, decisões, encaminhamentos para uma educação inclusiva de
todos. De outro lado nos deparamos com um distanciamento com o cotidiano
escolar, a vida e aprendizado dos alunos, da concepção de educação dos
professores e principalmente da forma de gerenciar a escola e todo o sistema
educacional. Para que a
inclusão se efetue, não basta estar garantido na legislação, mas demanda
modificações profundas e importantes no sistema de ensino.
O termo inclusão já traz implícito a ideia de exclusão, pois
só é possível incluir alguém que já foi excluído. A inclusão está respaldada na
dialética inclusão/ exclusão, com a luta das minorias na defesa dos seus
direitos.
Ao falarmos de inclusão escolar precisamos repensar o
sentido que atribuímos à educação, além de atualizar nossas concepções e ressignificar
o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e
amplitude que envolve essa temática.
Também é necessária uma mudança de paradigma dos sistemas
educacionais centrando-os no aprendiz, levando em conta suas potencialidades e
não apenas as disciplinas e resultados quantitativos, favorecendo uma pequena
parcela dos alunos.
A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa
filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, tem como horizonte os
Direitos Humanos e sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação
de todos.
O paradigma da inclusão vem ao longo
dos anos, buscando a não exclusão escolar e propondo ações que garantam o
acesso e permanência do aluno com deficiência no ensino regular. No entanto, o paradigma da
segregação é forte nas escolas e com todas as dificuldades e desafios a
enfrentar, acabam por reforçar o desejo de mantê-los em espaços especializados.
Precisamos também considerar o professor, pois é difícil
repensar sobre o que estamos habituados a fazer, além do mais a escola está estruturada
para trabalhar com a homogeneidade e nunca com a diversidade. A tendência que
se tem é focar as deficiências dos nossos sistemas educacionais no fracasso
escolar, no déficit de atenção, na hiperatividade e nas deficiências onde o
problema fica centrado na incompetência do aluno.
Temos que diferenciar o processo de integração, onde tudo
depende do aluno e ele é que tem que se adaptar buscando alternativas para se
integrar, ao da inclusão, onde o social deverá modificar-se e preparar-se para
receber o aluno com deficiência.
Para o processo de inclusão escolar é preciso que haja uma
transformação no sistema de ensino que vem beneficiar toda e qualquer pessoa,
levando em conta a especificidade do sujeito e não mais as suas deficiências e
limitações. A inclusão precisa ser feita com a responsabilização da
coletividade.
A pessoa portadora de necessidades especiais tem muito a nos ensinar
sobre o preconceito, a capacidade de superação, a resiliência, o perdão. Nossos
projetos devem ser estruturados de tal forma que as contemplem e assegurem sua
satisfação diante do que lhes é oferecido. Ninguém melhor que a própria pessoa
portadora de necessidades especiais para avaliar os benefícios e a conveniência
de determinada medida ou situação. A questão é a de interagir
para com a cidadania, ou seja, defender os direitos e os deveres instituídos
para as pessoas portadoras de deficiências, saber mediar atitudes que venham
amenizar as dificuldades respeitando os indivíduos como seres humanos,
portadores também de sentimentos e capazes de aprender e ensinar.
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