Era meados do ano de 2011, tudo
igual como dantes naquela escola de uma periferia brava de Osasco, professores
na sala de aula, crianças sentadas cada uma em seu lugar, aparentemente, nada
de diferente, ou desigual.
Os dias passaram como de costume,
crianças dando trabalho, falando sempre, participando das aulas e um detalhe,
em especial chamou atenção de alguns poucos professores, algo que destoava
daquele contexto que normalmente é esperado. Toninho, aquele menino de estatura
mediana, magro, de olhos verdes e carentes, deixou-se ser visto por alguns
atentos professores daquela sala. Dona Zita, uma professora das letras, sempre
simpática e muito próxima dos alunos, reparou que Toninho mostrava-se recolhido
num canto da carteira no fundo da sala quase não falava, recolhia-se sempre que
alguém o olhava, dobrava-se mais e mais até quase afundar na cadeira sob a
mesa.
A partir daquela cena, dona Zita
passou a observar Toninho com outros olhos, foi aproximando-se dele,
conversando um pouco cada dia, conquistando o menino com uma paciência daquelas
professoras que nasceram para o ofício da educação. Uma das manhãs, sem que
ninguém esperasse, na aula de dona Zita e na leitura da crônica “Dois amigos e
uma chato”, Toninho pediu a palavra e começou a comentar o texto de maneira
desconexa, incoerente e verdadeiramente infeliz. Não conseguiu nem terminar a
sua fala quando os colegas logo começaram a rir, rir muito, rir alto e sem
respeito pela diferença de Toninho.
Nesse momento, dona Zita, sem pestanejar,
pediu que todas aquelas crianças ficassem com os olhos fechados, as mãos sobre
a mesa e começou a mostrar coisa que as crianças não podiam ver porque estavam
de olhos fechados, em seguida, sugeriu que fizessem atividades direcionadas
apenas aos que podiam enxergar. A partir daí, nada feito, ninguém conseguiu dar
continuidade ao que estava sendo proposto pela professora. Foi nesse momento
que dona Zita aproveitou e deu uma verdadeira aula de civilidade às crianças,
mostrando para elas que todas as pessoas eram diferentes e que cada uma tinha
suas possibilidades, ou nisso ou naquilo que se propunham a fazer, logo,
respeitar as pessoas seria o melhor para se viver em harmonia na sociedade.
Na semana seguinte, houve uma
apresentação dos alunos que tinham habilidades com instrumentos musicais na
escola e, para a surpresa de todos, aquele menino quieto, afundado na cadeira,
quase debaixo da mesa, subiu no palco e tocou maravilhosamente seu violino como
um músico profissional jamais poderia criticá-lo por erros ou faltas.
Diante disso, os alunos que
assistiam ao espetáculo ficaram maravilhados com o show que o menino dava, a
partir daí, Toninho foi muito aplaudido após sua apresentação, tornando-se o um
dos garotos mais participativos nas aulas e conquistando muitos amigos naquele
meio que outrora o ignorava e o desrespeitava.
Plínio
Ventura
Adorei o texto muito lindo, e o melhor é que ele mexe com as pessoas
ResponderExcluiradorei o texto muito lindo mesmo, e o mais legal é que ele mexe com os sentimentos das pessoas, é muito lindo mesmo adorei de verdade
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